O Natal e as diferentes Famílias
Viver um Natal “sem família” ou longe da mesma parece compreender sempre uma imposição, mesmo quando é, naturalmente, uma opção.
As diferentes constituições familiares encerram, por si só, um conjunto de situações que podem criar alguns desafios às famílias. Viver o natal com crianças é muito diferente de quando se vive o natal com adolescentes ou pré-adolescentes. Tal como os desafios das famílias nucleares não são os mesmos que os vividos nas familias reconstituídas, poderá ainda ler o artigo;https://terapiafamiliarsistemica.pt/os-desafios-das-familias-reconstituidas/
Muitas vezes, os pais estão dispostos a “abdicar” da presença dos filhos, reconhecendo que, com o ex-cônjuge, os filhos podem experienciar um Natal “melhor” ou “mais em família”.
Esta associação de ser mais ou melhor família prende-se com a ideia de família extensa ou numerosa, o que não é representativo das famílias na atual sociedade.
Se, no passado, as reuniões familiares eram representadas pelos pais, avós, tios, primos e filhos na sua maioria com mais do que dois irmãos, esta realidade não representa as famílias contemporâneas.
Quando pergunto às minhas famílias o que é para elas o Natal a resposta é, na sua maioria “estar com a minha família”. No entanto, quando exploro um pouco os seus elementos encontro um dos progenitores, pai ou mãe e irmão e ou irmã e os filhos. Assim, nesta representação, vigora a família nuclear ainda que nela contemple o cônjuge e, por sua vez, a sua família nuclear.
Assumindo que, para a maioria das famílias, a questão do Natal é antes de mais a “festa da família”, escolho esta afirmação para questionar até que ponto a construção do natal significa só juntar “a família toda”. Curiosamente, quando falamos em “a família toda”, depressa se regressa ao ponto de partida, geralmente é meia-família.
As sociedades mudam e com elas tendem a mudar os costumes, ainda que a um ritmo mais lento, é neste vai e vem de contradições que as famílias procuram nas atuais sociedades viver o natal em família, visível pelas estratégias de evitamento e desvalorização do que pode constituir o lado menos “romantizado” do Natal.
Talvez, por isso, eu oiça tantas vezes que o melhor seria fugir desta época e estar num outro lugar longe de toda a confusão. No entanto, quando pergunto quem levariam na bagagem, a resposta é, na sua maioria, um sorriso acompanhado de um inocente “nós”.
Desejo a todas as famílias e a cada um de nós muita paz!