Associar as rotinas a compromissos chatos e desagradáveis dos quais temos que fugir pode criar grande desgaste e ansiedade nas famílias.
Quando dizemos que as crianças precisam de rotinas, os pais conseguem compreender e aceitar que a criança necessita de formação de hábitos construindo, assim, um espaço seguro onde pode explorar a sua criatividade e desenvolvimento.
No entanto, é muito frequente ouvir os adultos falarem de rotinas como se estas fossem as responsáveis por diversas crises no seio das famílias.
Pensar em ter rotinas não significa que a nossa vida tenha que ser composta só por compromissos profissionais e muito menos por atividades diárias que mantêm as famílias em permanente atividade.
Assim, é importante começar por criar processos de formação de hábitos. Compreendemos que se queremos chegar a um determinado patamar o primeiro passo é planear o processo para lá chegar e atingir o nosso objetivo.
Na realidade, muitos de nós temos uma agenda para marcar compromissos, mas essa agenda provavelmente não esta organizada para ter “tempos” de descontração ou estratégias para desenvolvermos o no processo de construção.
É fácil para as mães e ou pais terem nas suas agendas: levar à natação; comprar fraldas; ir às compras, levar à festa, etc. Mas, na verdade, o mais difícil é encontrar algo como “paragem” para ler três páginas do livro, pensar numa atividade que me tranquilize para fazer 10 minutos diários, ouvir uma música por dia, ligar a um amigo/a para combinar algo.
Contudo, acreditar que manter uma rotina é chato e retira a espontaneidade à vida é uma falácia pois criando momentos com novas dinâmicas afasta o comodismo e, este sim, poderá ser prejudicial para o nosso crescimento pessoal e profissional.
Falar de rotinas não significa ser comodista, tal como podemos criar aventuras e momentos que nos fazem sair da nossa zona de conforto. Existe, ainda, a necessidade de sair do chamado “piloto automático”.
É importante ter em mente que a palavra-chave é sempre flexibilidade, ela permite-nos aceitar e contornar as mudanças de planos e os fatores externos sem aumentar a ansiedade.
As rotinas proporcionam-nos estabilidade e ajudam a reduzir a ocorrência de imprevistos que nos podem criar muito stress e ansiedade. Por conseguinte, devemos ter consciência que o nosso corpo e o nosso cérebro necessitam de se adaptar às diferentes dinâmicas quer de produtividade quer de descanso.
Criar rotinas onde se estabeleça horários tanto para descansar como para comer, ter atividades, trabalhar e socializar é tão importante como assumir que a nossa saúde mental depende da nossa relação com as rotinas.