É comum ouvir-se que a comunicação é importante em qualquer área da nossa vida. Quando nos referimos à comunicação numa relação conjugal, então podemos afirmar, com toda a certeza, que a comunicação é a base de tudo.
No início de uma nova relação, a comunicação com o outro parece fluir porque todos os nossos sentidos e atenção estão focados naquela pessoa, devido à novidade, sedução e, desejavelmente, à paixão.
Muitos acreditam que o amor é a base das relações e, havendo amor, tudo acabará por resultar. Mas, ao contrário do que pensam os mais românticos, o sentimento de amor, por si só, não é suficiente para construir uma relação duradoura. Quando a paixão esmorece e o cansaço do dia-a-dia vence, o mais fácil é “desligar”, deixar de questionar, de ouvir e de falar.
O que outrora era compreensão, e onde os defeitos do outro até tinham a sua graça, sem uma comunicação eficaz e assertiva, dá lugar aos mal-entendidos, à frustração e ao conflito. À medida que a relação evolui e as rotinas se vão instalando, a atenção é repartida por vários assuntos e áreas da vida: filhos, família, amigos, trabalho, escapes e, mais recentemente, redes sociais! Os problemas de comunicação começam.
Porque comunicar dá trabalho. É preciso ter disponibilidade para ouvir o outro, ter vontade de fazer com que a relação resulte!
O que acontece, porém, é exatamente o contrário: uma parte significativa dos casais não consegue desabafar, mostrar-se ao outro, confessar receios, expetativas não concretizadas, problemas passados e, assim, sucessivamente.
Instalam-se silêncios ensurdecedores entre o casal conjugal e assumem-se situações que, muitas vezes, estão somente na cabeça de quem as pensa. É por isso que a comunicação é duplamente poderosa: tanto pode criar realidades, como pode fazer com que deixem de existir, pelo facto de serem silenciadas.
Por que não perguntar, em vez de assumir? Conversar com calma, ponderação e empatia. Conseguir falar e ter capacidade de expressão não é suficiente, é necessário ouvir, escutar verdadeiramente o outro, interpretar os silêncios. “Quem cala consente” e quem cala também comunica, porque a própria ausência de comunicação é comunicação, tal como escrevi no artigo;https://terapiafamiliarsistemica.pt/a-comunicacao-nas-relacoes/