O natal deveria ser sinónimo de alegria, solidariedade, esperança e união. Contudo, tem-se revelado uma época de endividamento das famílias, stress, menos partilhas afetivas e ansiedade.
Além disso, a atual pandemia da Covid-19 levou muitas pessoas para o desemprego, colocando-as em situações de carência financeira.
Nos últimos anos, Portugal registou um crescimento económico, uma situação que se inverteu devido ao coronavírus. No entanto, ao chegar a época natalícia, as pessoas sentem ainda a necessidade de manter determinados hábitos e aparências.
Todos gostamos de ter uma mesa cheia, uma árvore de natal grande e repleta de embrulhos coloridos e vistosos, o que transmite uma ideia de ostentação. Para muitos, o natal é: consumismo, quando deveria ser, uma época para recordar a importância da afetividade entre família e amigos.
Por outro lado, a Covid-19 criou uma nova realidade: uma mesa vazia. Mas com os presentes agora a continuarem a ser o único elo de ligação entre familiares. Continuamos a comprar lembranças que substituem os momentos passados em família e o calor de estarmos com aqueles que amamos.
O natal era uma época em que as pessoas se endividavam. E, a Covid-19, veio agravar ainda mais o desemprego no país e gerar instabilidade financeira. Esse endividamento acentuou-se, levando algumas famílias a situações graves de carência económica.
A época natalícia sempre foi associada à solidariedade, ao amor e à partilha. Mas, a pandemia debilitou a situação financeira das famílias, tornando as pessoas menos solidárias, dando origem ao conhecido dizer: “o pobre fica ainda mais pobre”.
Todos estes fatores conduzem a momentos de stress e ansiedade, comprometendo a saúde mental das pessoas.
Considera-se que há saúde mental quando existe a capacidade de estabelecer relações satisfatórias com elementos de determinada comunidade. Superar crises e resolver conflitos e perdas, adaptar-se a novas circunstâncias, ter sentido crítico e de realidade, reconhecer limites e sinais de mal-estar.
O endividamento gera stress, alterações de humor, ansiedade e muitas outras coisas que tantas vezes desvalorizamos e que podem estar na origem de graves problemas de saúde mental.
Em Portugal, a doença mental é uma das principais causas de incapacidade para a atividade produtiva, o que acentua, o endividamento das famílias já com pouca estabilidade económica. Por sua vez, gera ainda mais sofrimento emocional, causando o famoso “efeito de bola de neve”.
O natal, que deveria ser acerca do sentimento, é uma época envolta em gastos supérfluos que acentuam o endividamento das famílias. A saúde mental, fica mais instável e débil com o aparecimento de novas dívidas numa tentativa criar uma época “normal”. E, no final de contas, o que importa? A união familiar, acaba tão fragilizada quanto a carteira dos portugueses.
É Natal, e agora? Vamos valorizar a família ou acabar endividados?