A liberdade despiu a máscara
Numa semana que se iniciou com as comemorações do 25 de abril, a população sente ainda a sua liberdade condicionada, mas por uma máscara que nos roubou mais do que uma expressão, ainda que nela pese o sentido de proteção.
Enquanto as máscaras escondiam uma parte do rosto de cada um, para mim, enquanto terapeuta, possibilitaram-me focar o meu olhar no olhar das famílias, nos seus silêncios e engasgos de voz e no esmago de palavras que temiam em sair.
Permitiu-me ainda, acolher aquilo que que as fazia chegar até mim, entre tentativas infrutíferas por parte de cada família permanecia o sofrimento.
As famílias quando me procuram trazem consigo um sofrimento, mas também uma “secreta” esperança de se conseguirem libertar.
A liberdade de hoje deve então dar-nos a possibilidade de sermos livres de tudo o que nos acorrenta, a alma e o coração. Assumir que somos os “heróis” que se permitem voar e ser livres na procura de um bem maior – a nossa felicidade – é o que a liberdade nos possibilita.
Tirar a máscara da cara e deixá-la presa ao pescoço ou dentro de um bolso qualquer fará de nós livres? Ou dá-nos uma “falsa” sensação de liberdade?
Partilho aqui uma frase de Nelson Mandela onde revivo este sentir:
“Ser pela liberdade não é apenas tirar as correntes de alguém, mas viver de forma que respeite e melhore a liberdade dos outros.”